O ano de 2016 não foi importante e emblemático apenas para o esporte, devido às Olimpíadas e Paralimpíadas. O Rio foi sede desses grandes eventos e abriu ao olhos do mundo a receptividade brasileira e mostrou a todos como somos apaixonados por esportes. Milhares de pessoas puderam ver de perto seus ídolos ou assistir pela primeira vez muitas modalidades esportivas, que só viam pela TV ou internet. Dessa vez foi na nossa casa. E quantos foram os casos de pessoas que nunca tinham ouvido falar de certos esportes e puderam conhecer e torcer por eles? Além de medalhas, títulos e recordes, Rio 2016 foi democrático para o público. Inúmeras culturas e pessoas de todo o mundo passaram por aqui, realidades, diferenças, semelhanças, troca de experiências e conhecimentos.
E também aprendemos muito sobre como assistir e como realizar provas de diversas modalidades.
O projeto olímpico começou a ser pensado em 2007, após a experiência positiva dos Jogos Pan-Americanos. Em junho de 2008 foi anunciada oficialmente a candidatura, com apresentação de projeto, relatórios e visitas técnicas. Após a concorrência com outras cidades importantes como Chicago, Tóquio e Madrid, o Rio de Janeiro foi anunciado oficialmente como projeto vencedor, no dia 2 de outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
Dado o primeiro passo, iniciaram os trabalhos de planejamento, projeto, licitações, estruturação, recrutamento, construção e implementação de mudanças, algumas traumáticas e que causaram transtornos momentâneos, mas também muitas melhorias incrementais na vida urbana da cidade. Estádios e arenas foram aperfeiçoados, vias públicas alteradas, planejamento urbano adaptado, criação de novos espaços, construções de mais arenas fixas e temporárias, muitas e muitas obras.
E ao longo de toda a preparação, milhares de pessoas e equipes foram engajadas em construir, mapear, mudar, adaptar, dedicar seus conhecimentos e trabalho para a formatação de cada arena e cada área de prova, cada área destinada à atletas e delegações e espaços dedicados ao público.
Os Jogos Olímpicos aconteceram no período de 3 a 21 de agosto os Jogos Paralímpicos ocorreram entre 7 e 18 de setembro de 2016. Muitos recordes foram quebrados, muitos resultados surpreendentes. Foram realmente festas lindas e experiências memoráveis.
Muito se questionou sobre gastos público e privados, muito se questionou sobre legado e destino das instalações e equipamentos. Muito se falou e muitos acabaram tendo que se calar, pois o que se vê hoje em dia são algumas áreas urbanas e esportivas realmente utilizadas para uso público, como áreas convertidas em escolas, centros de treinamentos abertos à projetos sociais, áreas de eventos e lazer. E estruturas utilizadas para treinamentos de equipes olímpicas de várias modalidade. Claro que nem tudo realmente saiu como planejado, nem tudo ainda foi totalmente efetivado, mas muito do que foi feito e está em prática hoje, já tem um impacto positivo para o esporte.
O Parque Olímpico
O Parque Olímpico é um desses espaços, uma área aberta para visitação, lazer, área para grandes eventos, escola, e com arenas que recebem regularmente atividades esportivas, recreativas, shows e eventos. Campeonatos de basquete, vôlei, vôlei de praia, tênis, skate, judô, karatê… Rock in Rio com shows de grandes bandas internacionais e nacionais. Shows e outros eventos com palco aberto. Game XP e eventos sobre jogos eletrônicos e tecnologia.
A AGLO é a Autoridade de Governança do Legado Olímpico, vinculada ao Ministério do Esporte, é responsável por administrar e viabilizar a utilização das instalações esportivas do Parque Olímpico da Barra da Tijuca para finalidade de treinamentos, competições de diferentes modalidades, eventos culturais, esportivos, além de projetos sociais.
Circuito Legado Olímpico
Através de importante parcerias, foi constituído um circuito de treinamento para ciclistas nas pistas internas do Parque Olímpico. Foi inaugurado no dia 9 de junho de 2018 o chamado Circuito Legado Olímpico, que se constitui com uma área com dias e horários demarcados para treinos de ciclismo de estrada, acompanhado por treinadores, visando dar oportunidade de o mínimo de estrutura e local apropriado para treinos exclusivos de ciclismo de estrada.
Mobilidade urbana
Inúmeras obras e vias públicas foram aperfeiçoadas e instaladas, como ampliação da malha viária de BRT (ônibus em vias expressas exclusivas), implementação do VLT (veículo leve sobre trilho), ampliação de atendimento de linhas de metrô. Além de implementação de mais estações de pontos de aluguel de bicicletas, estímulo ao uso de transportes alternativos. Inúmeras campanhas de conscientização. Mais gente pedalando, mais bicicletas elétricas, mais carros elétricos. Palestras e eventos dedicados ao estudo e apresentação de propostas de mobilidade urbana.
Velódromo Olímpico
O que muita gente não sabe, ou que a própria mídia ajudou a mistificar, mascarar e depreciar, foi sobre uma das mais polêmicas e emblemáticas arenas do Parque Olímpico. O Velódromo foi a última estrutura a começar a ser construída e a última a ser entregue. Havia um antigo Velódromo, que foi desmontado e uma nova estrutura foi totalmente construída, seguindo o padrão de projeto do Parque Olímpico, atendendo às necessidades das modalidades competitivas, padrão internacional e padrão para público e transmissões por televisão. A polêmica pista de madeira importada siberana não foi só palco de polêmicas, mas acima de tudo isso, foi palco de quebra de recordes e superação de resultados. O público brasileiro, que em sua grande maioria entrava pela primeira vez em uma arena desse porte, vendo de perto uma construção tão precisa, testemunhou feitos históricos, vitórias, medalhas, pódios e títulos importantíssimos, o que ajudou a cunhar a expressão de “pista mais rápida do mundo” ao Velódromo Olímpico do Rio de Janeiro.
O Velódromo é a casa do ciclismo, é a essência do ciclismo, a pureza e tradição do ciclismo, e onde são realizados tipos de provas diferenciadas, com estratégias, cadência, velocidade, disputas individuais e por equipes. Não só à nível olímpico mas também paralímpico.
Após o fim das Olimpíadas Rio 2016 o Velódromo se tornou centro de treinamento dos atletas da equipe brasileira de pista. Recebeu o Campeonato Estadual de Ciclismo de Pista, inclusive com participação de atletas de outros estados vieram prestigiar.
Além disso o Velódromo é um espaço dos mais requisitados por conta das configurações de sua estrutura, e onde foram realizados vários eventos esportivos de outras modalidades como por exemplo judô, karatê, luta/mma, jiu-jitsu, tênis de mesa, badminton, entre outros. Existe uma área interna utilizada para concentração e aquecimento dos ciclistas, apoio de equipe, que pode ser também utilizada para atender a esses outros esportes, com seus equipamentos, tablados e marcações. A boa iluminação, pé direito alto, ar-condicionado, arquibancadas, ampla área, favorecem a isso. E por receber tantas outras modalidades, competições nacionais e internacionais, etapas classificatórias e eventos promocionais e demonstrativos, fez desse espaço muito democrático. Tanto os ciclistas assistem e conhecem esses e outros esportes, como também atletas de outros esportes assistem e veem de perto como é o ciclismo de pista.
Ao longo desse tempo o Velódromo contempla e atende não só o público qualificado de ciclistas profissionais, como também dá a oportunidade a novas pessoas ingressarem no esporte. Entre as atividades ali desenvolvidas estão:
- treinamento da equipe brasileira de ciclismo de pista
- escolinha de formação de novos ciclistas (destinados à alunos de escolas públicas, totalmente gratuita)
- clínica de ciclismo (treinamento para que novas pessoas conheçam as modalidades e se habilitem a poder treinar na pista)
- treinamento de equipes profissionais e assessorias
- treinamento livre
Esses são apenas alguns dos exemplos do legado deixado pelas Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016.